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Cordel da Fome
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Cordel da Fome
Publisher: White Wolf
by Jefferson N. [Verified Purchaser]
Date Added: 01/21/2022 07:04:53

Saiu Cordel da Fome, a terceira aventura da grande crônica Caminhos do Brasil, parte do cenário Brasil em Fúria, da equipe Nação Garou.

Dividido em 3 capítulos, com os dois primeiros lançando as informações importantes para situar a crônica e o terceiro com a aventura propriamente dita. Existe ainda um apêndice, com mecânicas novas e regras opcionais.

Como já é tradição, o livro começa com uma introdução de conto, mas aqui seguimos pelo caminho do cordel para nos colocar nos eventos do passado e no terror da Igreja da Fome, na Última Melodia de Asa Branca.

Capítulo 1: Grande Sertão Vermelho O capítulo busca trazer o entendimento geral do cenário do Brasil em Fúria, considerando os últimos acontecimentos das duas aventuras pregressas, Pontes Queimadas e Rios Profundos. Estabelecendo um "tempo presente" que considera as consequências da crônica até então. A ideia padrão é que a aventura seja uma sequência imediata, encaixando um personagem do narrador chave para dar continuidade, ainda que possa servir como apresentação do cenário de Brasil em Fúria, de maneira independente, com pouco esforço.

É apresentado ainda, antes do histórico geral da região dos sertões, um breve resumo do planejamento geral da aventura, o que é sempre muito útil e elogiável, já que o material é denso e resumos assim ajudam narradores a enxergarem o grande esquema das coisas com maior facilidade. A forma como esse resumo da aventura é apresentado suscita bastante a criatividade e o desejo pelo jogar. Ela envolve todo o lado mágico e místico do que é jogar Lobisomem, além de dar espaço para os Fera do Brasil e traz elementos de disputas territoriais, conflitos entre matilhas, detalhes que são partes fundamentais do jogo.

Sem querer dar spoiler, mas a gente pode dizer que tem até um pouco de viagem no tempo ;)

A descrição geral do ambiente geográfico do sertão não se limita ao básico que poderíamos encontrar na internet (ou na sua biblioteca local, com os antigos faziam), aproveitando a descrição pra incluir cenário da crônica no processo, com detalhamentos das ações de subsidiárias da Pentex e produção de rituais com uso dos elementos da biodiversidade do sertão, o que é sempre um detalhe positivo.

Além de um panorama histórico da região, temos ainda uma breve descrição da Umbra local, mostrada escura, abafada, silenciosa, ainda que não abandonada, mas repleta de espíritos fugidios e reclusos, marcada pelo chão rachado, por onde ecoam vozes atormentadas.

Capítulo 2: Morte e Vida Severas Aqui é a cereja do bolo. Não estamos falando da aventura ainda, mas sim do cenário representado. Já é tradição nos livros do Brasil em Fúria, que os materiais sejam utilizáveis para além das aventuras. Aqui conhecemos personagens e situações, localidades, que podem ser utilizadas em qualquer jogo. Se você quer jogar uma crônica no sertão, este capítulo será útil independente da aventura que se segue depois. Dois personagens garou são apresentados, como peças fundamentais da aventura que se seguirá. Destaque para Benedito "Sem Futuro" que traz algumas boas ideias de como aplicar o próprio legado do Brasil em Fúria, com um sétimo filho do sétimo filho.

O grande destaque do capítulo é a descrição da cidade fantasma de Cococi. Parte importante da aventura, mas aqui descrita em detalhes para uso em crônicas para além do Cordel da Fome. Em um cenário, como foi estabelecido na publicação original do Brasil em Fúria, em que os mortos parecem caminhar em procissões por aí, é interessante pensar em como vai ser uma cidade fantasma nesse contexto.

A cidade de Cococi é apresentada com inúmeros espíritos e fantasmas, ganchos realmente interessantes para qualquer crônica, como no caso do poço seco, onde se jogam moedas que se tornam "mágicas", guardando a memória dos pedidos feitos. Um portador de uma destas moedas sonha com quem desejou, sonha com o pedido. Pense na possibilidade de ganchos só com esse detalhe... Só não se esqueça que alguém coleciona essas moedas, fique atento, filhote.

É aqui também que aparece um dos pontos centrais da aventura, o Mandacaru do Sol. Um lugar que, como já tem sido repetitivo dizer, vale por si só. Independente da aventura ser utilizada ou não, toda a descrição da cidade e de seus arredores servem como conteúdo para jogos de Lobisomem, mas não apenas, já que até mesmo aparições podem ser utilizadas aqui, assim como os Fera, em especial os corax.

O restante do capítulo apresenta os personagens do passado, as duas matilhas que antes disputaram o território. Os dois grupos são apresentados com suas motivações, históricos e dicas de interpretação, além das fichas detalhadas. A ideia aqui, como você bem deve saber, é que os personagens jogadores da crônica encarnem esses garou do passado para reviver os eventos que guardam importantes segredos para o futuro do Brasil em Fúria. Os personagens são muito bem construídos e são poderosos, dando um gostinho para os jogadores de encarnar o couro de adren e athro.

As duas matilhas apresentadas, que são inimigas, possuem uma história entrelaçada com toques de humilhação, vingança e muito rancor. O que torna parte da aventura pela disputa de território ainda mais interessante. Não é só pelo campo de caça, existe muita coisa atravessada entre as duas matilhas, mas não vou estragar a surpresa pra você, cabra cabriola!

Além das matilhas, são apresentados Parentes importantes. Gosto de ver quando o conceito de matilha se amplia pra envolver todo mundo ao redor.

Destaque para alguns vilões no fim do capítulo, como o Comedor de Fígado (bom desafio pra suscitar aquela velha treta), Corpo Seco e, claro, Voz das Entranhas, uma Dançarina Anciã com uma história perturbadora, não pule essa leitura e me agradeça depois.

Capítulo 3: O Alto dos Compadecidos Depois da apresentação de personagens, localidades, contextos, vamos para a aventura em si. Vou tentar não entregar muitos spoilers, mas vale lembrar que ela é uma continuação direta de Rios Profundos.

A aventura está dividida em 3 momentos. O primeiro funciona como uma apresentação geral da situação da região do sertão, colocando em prática muito do que foi apresentado no capítulo anterior, incluindo alguns npcs e a própria cidade de Cococi. Ainda que sirva principalmente como preâmbulo para o grande momento da aventura, apresenta situações muito interessantes com espíritos e fantasmas, acordos e soluções que precisam sair da simples violência e dominância garou para serem resolvidas.

A segunda parte dá cabo da "viagem" ao passado, encarnando os personagens ricamente apresentados da matilha dos Cancioneiros do Luar Sozinho e suas disputas com a matilha rival dos Calangos. Para só então chegarmos à conclusão que gira em torno do uso das Igreja da Fome, apresentada originalmente no Brasil em Fúria.

Gosto da forma como a aventura é apresentada. Existem poucos blocos informativos que podem ser lidos diretamente para os jogadores. Na maior parte do tempo a aventura segue muito mais como uma conversa entre os autores e os leitores, de modo a sugerir ideias e abordagens de como lidar com as cenas apresentadas. Em um jogo de poderes e capacidades tão plurais quanto Lobisomem, esse tipo de papo aberto faz toda a diferença, especialmente para narradores menos experientes, que temem serem pegos de surpresa.

Apêndice Por fim temos o apêndice com algumas questões mecânicas novas, como o Campo de Caça, que evidencia um pouco mais o elemento do jogo que parece ser ignorado em muitas mesas por aí (o que nem é culpa dessas mesas, diga-se de passagem), além de dons, rituais e fetiches. Destaque para o Dom Olhos da Extinsão, que permite descobrir qual das faces de Ukupewa se faz mais forte em um determinado lugar/alvo. Entre os rituais eu gostei bastante do Rastapé, que fortalece os vínculos entre os Parentes. E não podemos esquecer dos novos totens, como o MARAVILHOSO CARCARÁ QUE JÁ É O MELHOR QUE TEM.

Achei o peso dramático do fetiche Punhal do Amigo muito interessante como motivador de histórias e tretas. Temos ainda no apêndice algumas boas considerações pro caso de você desejar um crossover entre Lobisomem e Aparição.

Para além do texto, todo o livro é muito bem apresentado. A diagramação segue competente e as artes estão muito boas, cada dia melhores nas produções do Nagão Garou. Destaque para a capa, as artes de capítulo, imitando a tradição do cordel nos traços e nas cores e a originais internas, ficam os elogios para os artistas envolvidos. A arte da página 57 é perturbadoramente linda. Que agonia!

Como é tradição, o livro se encerra com as considerações finais, na qual os autores se despedem de mais um trabalho e apontam os focinhos para os novos odores que vem do amanhã!



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